quarta-feira, 17 de junho de 2009

CABO ANDERSON LIRA

EXTRAIDO DO SITE http://blog.sindpd.org.br/2008

Reportagem publicada na revista “Istoé” deste final de semana mostra que o PCC continua agindo solto nas penitenciárias de São Paulo. Pior que isso: armou o assassinato de policiais, fato conhecido e ignorado pelas autoridades do governo. Segundo a matéria, “ao investigar o tráfico de drogas na zona norte de São Paulo, o Departamento de Narcóticos da Polícia Civil paulista (Denarc) descobriu, através de interceptações telefônicas, que integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) planejavam matar seis policiais militares envolvidos na morte do traficante Carlos Henrique de Almeida, o “Vamp”.

Em abril, o Denarc enviou os grampos à Corregedoria da Polícia Militar solicitando “providências urgentes”. Em maio, os PMs Rogério Simões e Odair Boffo foram atacados na rodovia Fernão Dias em São Paulo, mas reagiram e sobreviveram à emboscada. Em 9 de julho, o PM Alexandre Roberto Ferraz foi morto com seis tiros de fuzil.

Depois dos crimes, funcionários da corregedoria da PM disseram ao deputado estadual Major Olímpio (PV) que os policiais atacados eram os mesmos a que se referiram as gravações obtidas pelo Denarc e que nada fora feito para protegê-los”. “Quem me passou a degravação foram policiais da Corregedoria da PM inconformados com o fato de não ter havido apuração das denúncias”, diz o deputado Olímpio, que pediu informações à Secretaria de Segurança Pública, mas não obteve resposta.

“O Ferraz (o PM morto) nunca foi chamado à Corregedoria para ser avisado de que estava nesta lista. Chamaram um homônimo dele”, acusa o deputado, que enviou a denúncia à promotora Eliana Passarelli, da Justiça Militar. A Corregedoria da PM confirmou à ISTOÉ que recebeu as informações do Denarc. Segundo o órgão, os policiais que seriam alvos potenciais foram identificados, ouvidos e orientados.

Eles foram “alertados por escrito, bem como instados a registrar boletins de ocorrência na Polícia Civil, sendo-lhes oferecido apoio pela própria Corregedoria PM. Porém, declinaram”. O deputado Major Olímpio estranha o fato de os crimes serem investigados como se não tivessem nenhuma relação entre si. Essa versão é contestada pela Polícia Militar. “O atentado e a morte do soldado PM Ferraz, provavelmente, são ações decorrentes do que estava sendo tramado naquelas conversas; porém, não foi possível identifi car seus autores”, registra a nota da Polícia Militar.


A PM diz ainda que “as investigações estão em andamento e desconhece a lista de PMs a serem mortos”. “VOCÊ VAI AJUDAR A MATAR ELES OU NÃO?” Nas conversas do PCC gravadas pela Polícia Civil são citadas as características, os carros que usavam e onde se reuniam os PMs que deveriam ser mortos.

Alemão, apontado como dono de caça-níqueis, é quem fornece os dados. Os diálogos foram gravados em 5 e 8 de abril. Em 5 de abril, Zé Carlos, integrante do PCC segundo a PM , conversa com Alemão: Zé Carlos - O que você tem para nós a respeito dessa situação (os policiais que mataram o traficante Vamp)? (…) Alemão - Um é alemão e o outro é um baixinho branquinho (…) Zé Carlos - Os caras é da quebrada lá? Alemão - Os caras é do Jardim Brasil. (…) Zé Carlos - Você é a única pessoa que tá na nossa mão e vai ter que trazer esses caras para nós. Em 5 de abril, um homem não identificado conversa com Alemão: Homem - (…) Então você sabe onde moram todos? Alemão - Eu sei onde eles cola. É ali na esquina (…) Homem - Os caras trabalha em que viaturas, na tática? Alemão - O do Uno é normal, o do Pálio é da Rodoviária. Homem - O barato é PCC. Você pode ir pra sua casa e pode cuidar bem da sua família. Nós queremos o rodoviário e o PM na mão. (…) Você vai ajudar a matar eles ou não? Em 8 de abril, Camarão, também apontado como integrante do PCC,conversa com Zé Carlos e estaria tramando o atentado ao PM rodoviário Odair Boffo Camarão - Já um PM que trampa lá com o pessoalzinho na firma do Alemão. Zé Carlos - Vamos começar por esse que é amigo dos caras. Vamos começar por esse aí. C

aso semelhante ocorre na Baixada Santista, de acordo com Major Olímpio. Lá também haveria uma lista de execução feita pelo PCC e que foi descoberta por meio de grampos realizados pela Polícia Civil de Santos. O objetivo seria matar policias do 45o BPM/I, na Praia Grande, considerados linha dura contra o crime organizado. Depois de quatro atentados e três mortes, PMs que fariam parte dessa lista bateram às portas do gabinete do deputado pedindo ajuda.

A última morte foi a do cabo Anderson Lira, no dia 19 de outubro. Ele foi morto a tiros de fuzil no quintal de sua casa, em São Vicente. Seus fi lhos, um menino de 10 anos e uma menina de 6 anos, viram de perto o pai morrer e estão traumatizados. Com medo, a família fugiu. Duas semanas antes, o parceiro de Lira tinha sido assassinado, em dia de folga, na Praia Grande.

“O Lira se desesperou depois disso”, diz o deputado. “Ele tentou ser transferido, mas não conseguiu”, revela um parente do policial Lira. Familiares de policiais envolvidos no caso confi rmam a existência da lista e dos grampos “Tanto a polícia civil como a militar têm conhecimento dessa lista”, diz o parente de um dos policiais mortos que, com muito medo, não quis revelar mais detalhes.

“A morte dele envolve a facção criminosa, posso ser perseguida, já sofri muito. Nada vai trazer o meu marido de volta”, diz uma das viúvas. “Estou vendo minha transferência”, diz um dos policiais marcados para morrer. Apesar de o comando do 45º BPM/I não confirmar o grampo, nem a lista, os PMs do batalhão começaram a ser ouvidos sobre o caso na semana passada.

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